Leitor

Dos sorrisos cheios

Existem por aí perdidas e à solta certas pessoas. Essas mesmas pessoas deveriam passar mais despercebidas, para que quem é como eu, possa usá-las para benefício próprio. Não nos equivoquemos: essas pessoas são as pessoas de sorriso cheio, de gargalhada fácil e de atitudes nobres. Essas pessoas deveriam ser mais elas, para que as outras fiquem melhor, mais cheias, mais felizes.
Essas pessoas são exactamente aquilo que ando a precisar, pessoas que não me cobram palavras, que não me pedem abraços, que não me fazem exasperar. Essas pessoas apenas me arrancam sorrisos. E como é bom arrancar sorrisos delas também... :)



Depois existem aqueles que dizem que é fácil. Para seguir em frente e viver pensando no futuro. Para mudar de ares. Para ignorar. Para esquecer.
É fácil, claro, é fácil para todos eles. Que não te vêem no futuro. Que não vivem rodeados por ti, por lembranças tuas, por ares que possuem o teu cheiro. Que não precisam de ignorar porque não os afectas. Que não precisam esquecer porque não os cativaste. Controvérsias de sentimentos apoderam-se de mim sempre que me lembro de ti, de tudo o que vivemos e de tudo o que me fizeste. Como posso eu não te querer se no fundo te quero tanto? É assim tão estranho? Eu não te quero como és, agora, essa imagem escrita pelos outros, tu que cultivaste sempre a ideia de sermos nós próprios no matter what. Eu sou eu própria sim, no matter what. E por ser eu própria reajo à minha maneira, grito e berro silenciosamente porque sei que não tens que me ouvir. Que não tenho nada a ver com as coisas que fazes, que não posso cobrar amor a ninguém e muito menos atenção. Fico só comigo mesma, pensando que a vida afinal não é assim tão grata, que, olhando para nós os dois agora, estamos a cometer exactamente o mesmo erro. Eu e tu olhamos com amor a quem nos faz mal. A diferença é que tu poderias fazer-me tão mas tão bem... Bastava quereres.

Já estive a pontos de apertá-lo nos meus braços centenas de vezes. Eu sei o que se sente ao ver tantos mil encantos e não poder tocar... E no entanto é um impulso natural da humanidade querer tocar no que nos fere os sentidos. Não é o que fazem as crianças? E eu?

Saio de mim sem saber onde vou. Todos os rumos e direcções são intransigentes. Tenho mil portas e janelas disponíveis mas tenho mais medo ainda. Do desconhecido talvez? Soubesse eu e não estaria mais aqui. Já teria partido. Já era feliz noutro lugar. Com o sol a raiar-me a pele. Há quem me queime mais. Há quem não saiba, sequer, o mal que faz em pensar fazer bem a quem não merece.
É a vida. Não volto atrás por nada deste mundo. Ah, e se o fizer? É apenas para tomar balanço.

Fechasses tu os olhos. Lembrasses tu tudo o que tens a teu lado, enquanto te esqueces do que deixas para trás.
Fechasses tu os olhos.
Fizesses tu tudo o que queres fazer, sem pensar em quês nem porquês, porque tudo o que emana perguntas deve ser respondido por nós e não pelos outros.
Parasses. Parasses tu para refletir nos teus actos que tanto magoam e alegram, que provocam. Tanto matas como amas, quem sois vós afinal?
Tu que dás, és tão igual a quem pedes. Tu que falas, és tão igual a quem ouves. Tu que choras, és tão igual a quem ri. Em cada palavra proferida existem milhões de intenções, e tu não priorizas nenhuma delas. Porquê? Responde-te. Diz-te. Fala-te. Porque não te ouves? Eu não sei o que deves fazer. Soubesse eu e não estaria aqui, a falar para as paredes. Soubesse eu e não perderia tempo a tentar ensinar-te a ver o mundo a outros olhos. Estarei eu a perder tempo? Estarás tu a roubar o meu, como quem rouba doces a crianças? Tu não vais e vens quando queres, quem decide isso sou eu. Eu é que mando na minha vida, eu é que decido quem quero quem participe nela. Eu quero-te. Quero-te feliz. Quero-te bem.
Quem sou eu afinal? Fechasses tu os olhos por um segundo e eu mostrar-te-ia tudo o que tens estado a perder.
Fechasses tu os olhos...
Falemos então de amor. E quando falo ou penso em amor lembro-me de ti. Talvez por teres sido quem mais amei até hoje. Talvez por teres sido, só, quem amei.
Podias ter-me pedido para ir ter contigo até ao fim do mundo, onde todos os tempos corriam mais devagar e as pessoas não são o que parecem. Eu ter-te-ia descoberto de qualquer das maneiras, teria ido sim, buscar-te para te ter, durante todos os tempos que nos restassem. Mas isto sou eu a sonhar, porque já não estás aqui, já estiveste e os nossos tempos terminaram como os verões solarentos, que dão lugar a outonos frios e solitários, antes das árvores se despirem e o frio nos gelar os ossos. E se calhar é por isso que quando não tenho vontade de estar com mais ninguém, procuro-te e arranjo sempre tempo para ti, para estarmos juntos. E eu também sei que poderia ser tu, porque sei amar e sofrer da mesma forma, porque sei que ambos temos nos olhos um brilho de criança e um coração igual, um bocado maior que o habitual. Gostei imenso que tenhas feito parte dos meus dias, gostei de fazer parte dos teus e gostei ainda mais de ter sentido que poderia ter sido para sempre. Não acontece com todas as pessoas, mas sabes? De repente tudo pode acontecer, basta um instante e as pessoas cruzam-se por acaso para nunca mais se separarem, e é então que percebemos que nada é por acaso, que afinal estar naquele sítio, àquela hora, era apenas uma maneira de nos aproximarmos e ficarmos mais ricos, mais cheios, mais felizes e melhores. Sempre pensei que já sabias que ia ser assim, tinhas o sorriso dos sábios e o olhar dos adivinhos, e eu nunca soube. Por isso saboreei o presente com o presente que a vida me deu, o teu amor, a tua atenção, a tua estima, a tua lealdade e preocupação. Nunca irei esquecer tudo o que senti, cada vez que olhava para ti, via sempre além desses olhos de puro paraíso líquido, emoldurados de pestanas negras e grossas. Agora quero-te nos meus braços, sentir o calor do teu corpo, calor esse que aquece uma alma fria, minha primavera luminosa. Sempre foste o meu céu em pleno inferno. És uma pessoa a quem a vida nem sempre reservou coisas bonitas, muito pelo contrário, sempre te atirou areia para os olhos. Tu, com essa carinha de miúdo mas alma de homem grande, nunca te deixaste vencer e mostraste-te mais forte que todos os obstáculos e barreiras. Sempre amaste o que tiveste e lutaste para amar o que não tiveste. Sempre soubeste o que dizer e quando o dizer, tens o sorriso mais bonito que alguma vez vi e contagias toda a gente com a tua alegria. Eu marquei-te e tu marcaste-me de uma maneira irreversível. Nunca temos fim porque os amores nunca acabam, transformam-se sempre em outra forma de amor. Um amor mais calmo e sereno, passivo mas cheio. Um amor sem cobranças nem malícia, sem vinganças nem ciúmes. Um amor tão amor que deixa que outros amores existam. Um amor tão eterno que deixa que sejamos felizes mesmo que seja com outras pessoas, porque o amor é generoso e quer sempre o melhor para quem ama.
Dir-te-ia que és o amor da minha vida, por mais amores que vivamos os dois, porque seremos sempre um do outro, teremos sempre a atenção e o pensamento um do outro, por mais que as nossas vidas sigam caminhos diferentes. E um dia irei contar aos meus netos o quanto fui feliz, o quanto me marcaste e eles não irão acreditar que não ficámos juntos para sempre. E eu vou sorrir, porque sei que ficámos sempre juntos. No coração um do outro.

Feliz dia de São Valentim.
As pessoas desiludem. Não porque queiram. No seu íntimo, todas as intenções são propositadamente boas, esquecem-se é que não se baseia tudo nelas.
Partem-nos o coração. Deixam-nos para trás.
Tu desiludiste-me. Não te posso dizer mais do que entender, entendo todas as tuas atitudes e devaneios. Só não os aceito. Não aceito que tenhas pensado só em ti, que tenhas tido tantos erros de cálculo que me custa a entender onde foi que erraste, que somaste em vez de dividir, que multiplicaste zeros. Esqueceste-te de que tudo vezes zero é sempre zero. Nunca deverias ter posto a tua intensidade onde não existe nada. Foi comigo tal como deveria ter sido com outra qualquer, a grande e crucial diferença aqui é que sempre soube no que me metia, não sou criança para me iludir com contos de fada e mentiras mal contadas. Sabia e sei sempre onde me meto, com o que posso contar e com o que poderá vir. Daí ter-te sempre dito que não me partem o coração, porque salto sempre fora quando me ameaçam. Não deixo fazerem de mim gato sapato, porque analiso o amanhã. E tu não. Tu vives o hoje como queres, coitado, ainda és novo nestas coisas e tens muito para aprender. Esqueces-te sempre que existe um amanhã, e esse amanhã foge-te ao controlo, sai-te debaixo dos pés e ficas sempre sem saber com o que contar. Felizmente eu sei. E é por isso que te perdoo mas não aceito. Que te compreendo mas não quero viver com isso. Para trás ficam as expectativas idealizadas que fiz de ti; tu que te desiludiste tanto que acabaste por me desiludir a mim. Tomar as pessoas em alta conta tornou-se um risco inoportuno. Fiquemo-nos por aqui, tens muito mais para viver.
Mas não aceito pessoas medíocres na minha vida. Seja de que maneira for.
Lembrei-me do que esqueci e recordei o quanto espero por ti. Encontro-te em cada passo, devido ao asfalto, descalça, tropeço e caio novamente em mim.
Espero o encontro da tua pessoa, querendo eu que sejas tu ou não, envolva-me em cabos de aço, coração amarrado, desfaço a falta de atenção... Que ilusão.
Devolvo o sentimento barato que procura, noite a cidade escura, encontro uma ranhura, porta, fechadura que luz do outro lado espera.
Encontro-te, quem me dera, luz da Calma do frio que ao Calor dá cor da Primavera... amor...
Sinto que tu existes e que encontro, asfalto que dá sinceridade, um ponto de mocidade que vejo em ti. Esperei e encontrei, quem sabe que sabe que sei que no fundo o que esqueci, foi que amei um dia assim por alguém e quem sabe mais ninguém me perceberá, sentimento que do outro lado de lá, alguém com tempo o espera para explicar. Mas o vento trouxe-te para cá, aguento o sentimento, sim, cá dentro para que não o possas sentir. Abril, que de dia 1 mentira fazes e assim o dou a entender, sem te poder dizer o quão importante és. Simplesmente porque a tua felicidade dizes tu ser, por outro igual. Sem poder ser eu. Porque espero por ti afinal?

 

Ela sempre andou perdida. Sem rumo nem direcção sempre tentou seguir os passos de quem não sabia o caminho. Errou, voltou a errar e habituou-se, não é fácil conseguir seguir em frente sabendo o que vai deixando para trás. O que mais lhe importava não era para onde ia, mas sim como ia. O maior problema dela é que não tinha noção do que ia deixando... Nem ele sabia como a deixar porque não conseguia. Limitava-lhe os passos.
Lembrava-se dela quando ela não conseguia esquecer-se dele. As forças iam-lhe faltando porque ele, sim ele, egoísta e preconceituoso, não a levava consigo. Ela só teve uma solução. Caminhar a seu lado, mesmo sabendo que ia acabar numa rua sem saída, mesmo sabendo que ele não a iria ajudar porque também ele estava perdido. Ambos sabiam que não iriam a lado nenhum, porque no fundo, o que procuravam estava dentro um do outro. Completavam-se. Apenas juntos iriam chegar onde queriam. Mas não queriam saber... afinal...
Não se mostra o caminho a quem parte para se perder.
Sabe Deus como às vezes, em vez de escrever para ti, gostava de te gritar na cara. Mas seria impossível pois mesmo assim tu não me ouvirias. Começo por dizer que estás errado, completamente errado. É assim, os homens não aguentam as mulheres. Não entendem o seu jeito manhoso de ser, complicado e decidido. E tu decidiste que só as crianças te aceitam porque não fazem as perguntas que temes, porque são simples. E tu vais sempre pelo mais simples, sem saber como lidar com as bipolaridades das mulheres e acabas por não lhes conhecer a essência, que por ser tão complicada é tão simples de entender.Não te critico por tal: às vezes é bom afastarmo-nos dessas coisas, porque temos que nos colocar sempre em primeiro lugar. Mas pensa assim: as mulheres são fortes. Não se vão abaixo com qualquer coisa e tu não podes ter medo de as magoar. Só me esqueço que ainda não és um homem, que te estás a moldar e não sabes o que queres. Mas lembra-te... pior que negar amor a uma mulher, é partir o coração a uma criança. E todas elas vão partindo o teu, enquanto procuras o amor que só eu tenho para te dar e sempre o ignoraste.
"É ele. É sempre ele. Para onde quer que olhe, para onde quer que vá. Seja quem for que fotografe. É ele. É sempre ele. O rosto dele, os traços dele, o jeito dele. E ouço-o falar. E sei exactamente como ele fala, e conheço exactamente o tom de voz dele, cada pausa, cada esgar, cada momento em que pára para pensar e cada momento em que pára para sorrir. E sou eu que paro. Sou eu que, ao vê-lo em cada espaço por preencher dentro dos meus olhos (e o que são os olhos senão espaços por preencher; espaços sempre por preencher?), não paro. Continuo a encontrá-lo. E não sei o que hei-de fazer para lhe fugir (como se foge do que está por dentro dos olhos? como se escapa do que não pode ser eliminado, do que não é mais do que um pensamento dentro da cabeça? como se escapa do que não existe? como se acaba com o que nunca começou?), não sei o que hei-de fazer para me fugir."
Ontem à noite, enquanto lia antes de ir dormir, deparei-me com um trecho do livro que me deixou a pensar bastante:
"(...) quem estava sempre a falar de auras e campos de energia, das vibrações que emitíamos e de como o mero facto de estarmos perto de alguém podia alterar a nossa aura de forma significativa e, por conseguinte, o nosso estado de espírito. Era por isso que tínhamos reacções físicas muito fortes - tanto boas como más - a certas pessoas. Era por isso que parecia que ficávamos radiantes quando nos apaixonávamos pela primeira vez. (...)

Tive que parar de ler. Comecei a pensar em como isto é verdade, em como, em determinadas circunstâncias na minha vida, me cruzei com pessoas assim. Existem algumas pessoas que, apesar de directamente nunca me terem prejudicado em nada, eu simplesmente não gostava delas. E ainda conheço, pelo menos uma, assim. A rapariga nunca em hipótese alguma, me fez mal. Nem a conheço decentemente, cruzo-me com ela em algumas situações, sem coincidências porque partilhamos os mesmos lugares. Assim que trocamos olhares eu sinto uma repulsa enorme por aquela miúda. Emana-me más vibrações, deixa-me de rastos, com um mau humor incrível. No início pensei que fosse por me lembrar alguém que não gostava, alguém que me tinha prejudicado. Embora não soubesse quem era esse alguém, era mesmo essa a justificação esfarrapada que tinha encontrado. Afinal não, a rapariga nunca me afectou de maneira drástica, apenas não gosto de estar, cruzar, pensar sequer nela. Não gosto dela. E agora sei porquê.

Tal como em partes boas. Geralmente acontece-me com o sexo masculino e não é só em termos físicos e sexuais, há rapazes, homens que para mim são um porto de abrigo, pois a sua companhia deixa-me livre, bem, calma e feliz. Sinto um apoio enorme que não dá para explicar. Ultimamente, a companhia de alguém em particular deixa-me assim. Principalmente a níveis superiores à amizade. É uma atracção inexplicável, perco o controlo, o discernimento, sinto embebida nele, tresando a ele e não é a sexo nem a algo físico. É o pensamento. São as vibrações que emana. É o bem-estar que me proporciona. Obviamente que não acontecerá a todas as pessoas. O que sou para uns, não sou para outros. Mas acredito piamente que também provoque sentimentos e reacções destas a várias pessoas, daí o padrão de comportamento que demonstram ter comigo.
Só não sei como nem porquê, mas encontrei várias respostas para a minha vida em três linhas lidas, antes de adormecer.
Era cedo. Ela tinha medo de se agarrar a algo que lhe poderia fugir debaixo dos pés. Já o tinham feito; já conhecia a dor que era estatelar-se no chão, sem dó nem piedade, deixada para trás num caminho que já percorrera a dois. Não queria isso novamente. E então deixava-se ficar. Preparava-se para a queda mas esquecia-se de seguir em frente. Não era por não ter coragem, claro que não. Coragem tinha ela, em conseguir ver que nem tudo é como queremos e que as coisas não dependem só de nós. O problema é que ele não quis entender. Não quis perceber que tudo o que ela vivera até hoje a tornara numa mulher fria, sem pena de ninguém. Nunca ninguém tivera pena dela. Nunca ninguém quis saber se ela estava realmente bem. Toda a gente assumia que sim, claro que sim, uma mulher como ela, com aquele sorriso magnético só tinha era que estar bem. O que havia para estar mal?
Tudo.
E mesmo assim, ninguém quis saber. Ele não quis saber.
A maior dor é aquela em que não sabemos onde dói, porque dói. Por vezes não são os seus olhos que se extraviam, mas sim o seu coração. Como poderias impedir isso? Impedir de estar apaixonada(o) por outra pessoa aos mesmo tempo que está apaixonada(o) por nós? Como? Sendo magra(o)? Sendo linda(o)? Acreditem em mim, nem sempre resulta. Aliás, nunca resulta. Então como impedimos de partir o coração ao meio e nos dar apenas metade? Se somos quem o deveria receber por inteiro, como nos contentamos com metade?
Há amigos que para mim não são um problema. Nem nunca serão. Porque a maneira mais fácil de estragar uma bela amizade é falar ou mesmo pensar em sexo. Mas a maneira mais infalível de acabar com essa amizade é falar de qualquer outro tipo de amor.
"Ele me aperta como sempre, até que algum ossinho da minha coluna estale, e me diz, como sempre também: "Que é que você tem que eu sempre largo tudo e venho te ver?"
Tati Bernardi

Já lá vai o tempo eu que eu realmente pensei que tinha algo. Deixavas tudo de parte quando eu decidia por um pé na tua vida. Mas só um pé, porque já coloquei corpo inteiro, alma também, e o resultado não foi o mais bonito. Tive sorte de sair ilesa, pelo menos fisicamente. Mas eu gostava dos nossos joguinhos, de me meter com a tua lógica que, pelo menos comigo, nunca levava a melhor. Vinhas sempre como quem não quer a coisa, pronto para receber tudo o que estava disposta a dar, até porque já te dei mais que algum dia poderias vir a receber de outra qualquer. Mas o problema não passa por í, não. Tornei-me viciada em brincar com os teus sentimentos porque me habituaste a brincar com eles. Era simples. Eu chegava, brincava, pedia e exigia e tu davas. Quando me fartava, ia embora. Fácil e sem preocupações. O problema é que aprendeste as minhas manhas e passaste a fechar a porta, nem o pé eu consegui mais colocar. Já não bato à porta pois tu não ouves. Já não grito o teu nome porque tu não ligas ao que digo. Não digo que seja um desgosto de amor porque isso sim, tu já mo deste há muito, muito tempo atrás, mas é a falta de um brinquedo, de uma distracção, de algo que eu sabia que tinha e pensei que nunca ia perder. Partiste-te e jogaste-te fora. Ou então ofereceste-te como brinquedo a outra.

E só hoje notei a falta que me fazes...
"Concordo em absoluto: as relações amorosas são aquelas em que nos entregamos de forma mais genuína, mais inteira se não conseguimos ser leais com quem escolhemos passar a vida, parece-me difícil sermos com os outros. (...) Como tinhas razão. Porque tal como o falado hoje de manhã com uma amiga, a lealdade é uma coisa, a infidelidade é outra, completamente diferente. Para a deslealdade não há desculpa."

in Este Blog Precisa De Um Nome
You’re going to lose weight, and buy a closet full of new clothes, and whiten your teeth, and cut your hair, and move to a great apartment in a different city, and make new cooler friends. And you’re still going to be unhappy.
“you didn’t love her.
you just didn’t want to be alone.
or maybe, she was just good for your ego.
or, or maybe she just made you feel better about your miserable life.
but you didn’t love her,
because you don’t destroy people you love."
Hoje tomaste um passo importante. Sei disso porque te sigo, porque me obrigo a seguir-te para tentar encontrar alento neste futuro a que me imponho. Admito que não foi fácil. Admito até que vai ser ainda mais difícil aguentar todos os próximos dias sem ter mais nenhuma notícia tua, só a receber sms em que me criticas e tratas abaixo de cão sem me dar hipótese de resposta.
Não tenho muito a dizer-te, nada do que possa dizer vai aliviar tamanha dor que me persegue e o peso que sinto na consciência, pois acabei por fazer o que sempre, sempre, critiquei. Mas a vida é feita dessas coisas, nunca podemos dizer nunca. Mas de uma coisa poderás ter a certeza. Quem parte, parte para melhor. Mas deixa sempre o seu melhor para quem deixou.
Já viste a desgraça em que te enfiaste pensando que estarias a fazer a coisa certa? Sem me perguntares nada, como sempre. Pensaste demasiado com o coração, agiste por impulso, agora peso-te como um camião cheio de mágoas e feridas, pronto a esmagar-te a cabeça e o coração. Não queiras levar com tudo. Não queiras porque não consegues. No fundo tu só tentaste ser tu, mas esqueceste-te de que tu não eras tu por causa dele. Porque não conseguias, evitavas a todo o custo contrariá-lo, magoá-lo. Dizer-lhe o que sentias com medo de que ele deixasse de sentir. O teu maior erro foi ser egoísta. Uma rapariga tão carente de amor e no entanto, com tanto para lhe dar. Só não viste que não era para ele que o teu amor estava destinado. Empurraste o quanto quiseste, forçaste o quanto pudeste mas no fim não deu em nada. Deu em peso. Deu no camião. Não queiras continuar com esse jogo desmedido de oferecer amor só porque sim. Guarda-o para ti, guarda-o bem. Porque não há nada melhor do que ter amor próprio.

A tua consciência.
Por todas as vezes em que me fizeste acreditar que tudo começa quando queremos. Por todas as vezes em que me abraçaste. Por todas as vezes em que me gritaste. Por todas as vezes em que me tiraste do sério e me beijaste logo depois. Por todas as vezes em que virei o telemóvel e o voltei a jogar para cima da cama, só para não falar contigo. Por todas as vezes em que te procurei vezes sem conta e tu não estavas. Por todas as vezes em que encontraste quando eu estava perdida. Por todas as vezes em que tu disseste sim e não querias mais. Por todas as vezes em que eu queria mais e disse não. Por todas as vezes em que nos encontrámos os dois em caminhos paralelos mas diferentes. Por todas as vezes em que insultei metaforicamente, porque tu não entendias. Por todas as vezes que te corrigi, por todas as vezes que não me apontaste erros. Por todas as vezes em que quis que ficasses e tu ficavas. Por todas as vezes em que quis ir embora mas não tive coragem de te dizer. Por todas as vezes em que choraste nos meus braços, por todas as vezes que eu ri nos teus. Por todas as vezes em que ficámos só a olhar um para o outro. Por todas as vezes que descobria defeitos em ti. Por todas as vezes em que dizias que eu era perfeita. Por todas as vezes em que chorei de impotência, por todas as vezes em que tu conseguiste e eu não. Por todas as vezes que não foram só às vezes, foram sempre, foram a todo o momento, foram perpétuos enquanto duraram.

Obrigada, LS.