Leitor

"Ele me aperta como sempre, até que algum ossinho da minha coluna estale, e me diz, como sempre também: "Que é que você tem que eu sempre largo tudo e venho te ver?"
Tati Bernardi

Já lá vai o tempo eu que eu realmente pensei que tinha algo. Deixavas tudo de parte quando eu decidia por um pé na tua vida. Mas só um pé, porque já coloquei corpo inteiro, alma também, e o resultado não foi o mais bonito. Tive sorte de sair ilesa, pelo menos fisicamente. Mas eu gostava dos nossos joguinhos, de me meter com a tua lógica que, pelo menos comigo, nunca levava a melhor. Vinhas sempre como quem não quer a coisa, pronto para receber tudo o que estava disposta a dar, até porque já te dei mais que algum dia poderias vir a receber de outra qualquer. Mas o problema não passa por í, não. Tornei-me viciada em brincar com os teus sentimentos porque me habituaste a brincar com eles. Era simples. Eu chegava, brincava, pedia e exigia e tu davas. Quando me fartava, ia embora. Fácil e sem preocupações. O problema é que aprendeste as minhas manhas e passaste a fechar a porta, nem o pé eu consegui mais colocar. Já não bato à porta pois tu não ouves. Já não grito o teu nome porque tu não ligas ao que digo. Não digo que seja um desgosto de amor porque isso sim, tu já mo deste há muito, muito tempo atrás, mas é a falta de um brinquedo, de uma distracção, de algo que eu sabia que tinha e pensei que nunca ia perder. Partiste-te e jogaste-te fora. Ou então ofereceste-te como brinquedo a outra.

E só hoje notei a falta que me fazes...

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