Leitor


Depois existem aqueles que dizem que é fácil. Para seguir em frente e viver pensando no futuro. Para mudar de ares. Para ignorar. Para esquecer.
É fácil, claro, é fácil para todos eles. Que não te vêem no futuro. Que não vivem rodeados por ti, por lembranças tuas, por ares que possuem o teu cheiro. Que não precisam de ignorar porque não os afectas. Que não precisam esquecer porque não os cativaste. Controvérsias de sentimentos apoderam-se de mim sempre que me lembro de ti, de tudo o que vivemos e de tudo o que me fizeste. Como posso eu não te querer se no fundo te quero tanto? É assim tão estranho? Eu não te quero como és, agora, essa imagem escrita pelos outros, tu que cultivaste sempre a ideia de sermos nós próprios no matter what. Eu sou eu própria sim, no matter what. E por ser eu própria reajo à minha maneira, grito e berro silenciosamente porque sei que não tens que me ouvir. Que não tenho nada a ver com as coisas que fazes, que não posso cobrar amor a ninguém e muito menos atenção. Fico só comigo mesma, pensando que a vida afinal não é assim tão grata, que, olhando para nós os dois agora, estamos a cometer exactamente o mesmo erro. Eu e tu olhamos com amor a quem nos faz mal. A diferença é que tu poderias fazer-me tão mas tão bem... Bastava quereres.

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