Leitor

As pessoas desiludem. Não porque queiram. No seu íntimo, todas as intenções são propositadamente boas, esquecem-se é que não se baseia tudo nelas.
Partem-nos o coração. Deixam-nos para trás.
Tu desiludiste-me. Não te posso dizer mais do que entender, entendo todas as tuas atitudes e devaneios. Só não os aceito. Não aceito que tenhas pensado só em ti, que tenhas tido tantos erros de cálculo que me custa a entender onde foi que erraste, que somaste em vez de dividir, que multiplicaste zeros. Esqueceste-te de que tudo vezes zero é sempre zero. Nunca deverias ter posto a tua intensidade onde não existe nada. Foi comigo tal como deveria ter sido com outra qualquer, a grande e crucial diferença aqui é que sempre soube no que me metia, não sou criança para me iludir com contos de fada e mentiras mal contadas. Sabia e sei sempre onde me meto, com o que posso contar e com o que poderá vir. Daí ter-te sempre dito que não me partem o coração, porque salto sempre fora quando me ameaçam. Não deixo fazerem de mim gato sapato, porque analiso o amanhã. E tu não. Tu vives o hoje como queres, coitado, ainda és novo nestas coisas e tens muito para aprender. Esqueces-te sempre que existe um amanhã, e esse amanhã foge-te ao controlo, sai-te debaixo dos pés e ficas sempre sem saber com o que contar. Felizmente eu sei. E é por isso que te perdoo mas não aceito. Que te compreendo mas não quero viver com isso. Para trás ficam as expectativas idealizadas que fiz de ti; tu que te desiludiste tanto que acabaste por me desiludir a mim. Tomar as pessoas em alta conta tornou-se um risco inoportuno. Fiquemo-nos por aqui, tens muito mais para viver.
Mas não aceito pessoas medíocres na minha vida. Seja de que maneira for.

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