Leitor

Há quanto tempo não me arde o coração?

Às vezes tenho saudades. De me rir com pensamentos, de sentir o teu sorriso durante o beijo, as tuas mãos em mim. De acordar a meio da noite com vontade de olhar no fundo dos teus olhos, enquanto sei que estás a dormir longe de mim. Era por isso que te queria tanto. Às vezes tenho saudades. De quando os insultos não passavam de meras palavras só nossas, que só nós sabíamos o seu significado. De quando contávamos os minutos e os dias para termos um beijo. De quando as borboletas invadiam o meu coração só de pensar que eras meu. E quão meu tu eras. Há muito tempo que não me arde o coração... Está em cinzas.

Da esperança de amar.

Obviamente que todas as histórias até hoje contadas não passaram de meros boatos ridiculamente associados a nós. Quem, por ventura, poderia afirmar, afinal, que éramos feitos um para o outro? Semelhanças talvez? Mas nunca uma equidade tal que fôssemos a nossa metade da laranja. Quando gostamos de alguém, independentemente da pessoa em questão, quem muda e se molda somos nós. Já repararam em todas vezes que estivemos apaixonados? Já repararam como agiam de forma diferente em cada uma dessas vezes? Não nos julguemos, cada amor é um amor e deve ser vivido de forma intensa e única. A parte mais engraçada é quando nos desapaixonamos e vemos que, afinal, não éramos aquela pessoa. Que fazia o impensável em estados sãos.  A culpa realmente não existe porque os erros não existem no que toca ao amor. Se há coisa mais limpa e inocente no mundo, livre de maldades e más intenções é o amor, e por isso, ninguém é culpado de nada. Nem de amar sem ser amado, nem de ser amado sem amar. Muito menos de amar em tempos errados e, principalmente, de amar em quantidades erradas. Desengane-se quem pensa que não deveria ter amado determinada pessoa, se o pensa é porque não sabe o que é amar. Ou ser amado. Porque amor não se nega a ninguém e todos nós amamos, em pequenas quantidades ou grandes quantidades. Amamos uma gota de água ou amamos um oceano. Cabe-nos a nós decidir. Principalmente decidir se preferimos amar-nos a nós próprios acima de todos os outros. 


Passemos ao que interessa. Eu cheguei a esse estado. Descobri que te amo, que te amei. Descobri que amo todas as pessoas que passaram pela minha vida. Descobri que ainda amo o tal ex de quem tu tinhas tantos ciúmes e descobri que amo aquele amigo com quem tu tanto implicavas. Descobri que amo todos os momentos. Descobri que continuo a amar todas as minhas memórias, todas as nossas memórias. 

Descobri que me amo. Mais que a ti. Mais que tu alguma vez amaste. Amo-me de uma tal maneira que não me permitirei, nunca, esquecer-me. Por amor nenhum.

Afinal a minha metade da laranja não és tu. Nunca foste. 

Sou eu.