Que se foda quem pensa assim. E que me foda eu.
Que de tantas e tantas vezes pensei que iria ser diferente, afinal, bastava um contacto e tudo voltava a ser o que era. De todas as vezes que nos reencontramos, as promessas voltam a pairar sobre nós como uma flecha sem alvo, porque dias depois, já não nos lembramos das saudades que sentimos de tudo o que vivemos. E entretanto há algo que nos faz lembrar. Um nome no vazio, uma experiência relatada, uma gargalhada semelhante ou apenas um deja vu. E voltamos a sentir falta. E nada fazemos para alterar isso. Seguimos todos com as nossas vidas medíocres, com as novas pessoas com quem passamos mais tempo, com a maltinha do dia-a-dia. Hipoteticamente felizes se não fôsse apenas isso, hipoteticamente.
E na hora do aperto, na hora da aflição, perguntarmo-nos onde andará a pessoa que nos iria ajudar, apoiar e relembrar que tudo iria ficar bem. Provavelmente seguiu também o seu caminho, provavelmente também se lembrou de todos os momentos e de todas as promessas. Provavelmente também já precisou de ajuda mas não conseguiu pedir. Pois. Porque afinal não basta um contacto para que tudo fique bem. Porque podemos gostar mundos e fundos daquela pessoa, mas perdemos a confiança depositada. Porque os juros são bem mais caros do que o orgulho perdido momentaneamente. É alto o preço a pagar pela perda de um amigo. E mais alto ainda se torna quando, por aventuras do destino e da vida, o reencontramos e sinceramente, já não o conhecemos. É isso que dá mais desgosto. Porque a vida é feita de encontros e desencontros, mas cabe-nos a nós decidir quando queremos ficar de vez.