Leitor

"É ele. É sempre ele. Para onde quer que olhe, para onde quer que vá. Seja quem for que fotografe. É ele. É sempre ele. O rosto dele, os traços dele, o jeito dele. E ouço-o falar. E sei exactamente como ele fala, e conheço exactamente o tom de voz dele, cada pausa, cada esgar, cada momento em que pára para pensar e cada momento em que pára para sorrir. E sou eu que paro. Sou eu que, ao vê-lo em cada espaço por preencher dentro dos meus olhos (e o que são os olhos senão espaços por preencher; espaços sempre por preencher?), não paro. Continuo a encontrá-lo. E não sei o que hei-de fazer para lhe fugir (como se foge do que está por dentro dos olhos? como se escapa do que não pode ser eliminado, do que não é mais do que um pensamento dentro da cabeça? como se escapa do que não existe? como se acaba com o que nunca começou?), não sei o que hei-de fazer para me fugir."

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