Leitor


Às vezes, a melhor maneira de relaxar é cansarmo-nos ao máximo. É assim que funcionamos para esquecer. Para esquecermos temos que nos lembrar: lembrar até ao mais ínfimo pormenos, lembrar de todas as vezes em que rimos e chorámos por causa dessa pessoa, de quantas vezes perdemos as coisas que poderiam ser encontradas só com uma troca de olhares. De quantas vezes chegámos atrasados ao momento e quantas vezes nos apressámos demasiado. Para esquecer é preciso lembrar. Lembrar todos as palavras pronunciadas, todas as intenções falhadas e conselhos dados. Precisamos então, reparar na nossa mente o que nos faz mal, ter consciência que nem tudo foi por nossa culpa. E mais importante, nem tudo foi culpa da outra pessoa. Quando se ama, as maldades sobrepõem-se às boas intenções porque ao mínimo deslize tudo pode ser confundido, errado, desmoronado. Não é fácil mentalizarmo-nos de tudo isso. Mas é quando o fazemos, quando aceitamos tudo o que nos acontece, que esquecemos. Aliás, nós não esquecemos. Fica sempre guardado na nossa cabeça, no nosso coração. Apenas não nos lembramos mais, já não nos faz mal, já não nos parte o coração. É que em todas as situações, somos nós que escolhemos desistir. E não há nada de melhor para nós do que desistir de uma coisa que nos faz tanto mal.

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