Leitor

Quero o que não cabe no regular, o que não se entende nos manuais, o que não acontece nos guiões. Quero a ruga esquisita, a mão descuidada, a estrada arriscada, a chuva, o vento, as unhas cravadas, o animal do instante. Quero ainda tentar o que ninguém fez, olhar para o imperdoável, gastar como um louco as possibilidades. Quero sobretudo o que me assusta, o abismo em segredo, o interior das tuas pernas, a maneira como o suor te escorre no centro do peito, e a forma impossível como te exprimes quando te vens.

Disseram-me que o teu beijo matava e eu não liguei,
há lá alguma maneira de sair com vida de ti?


Pedro Chagas Freitas

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