Do you know For you I'd bleed myself dry? |
Ao longo da minha vida, várias foram as vezes em que me confrontei com situações dessas: o desalinho pronunciado de sensações paralelas, uma sombra ao sol. Um arco-íris, que é fruto da água e da luz. Seria ridículo focarmo-nos apenas naquilo que julgamos controlar, porque no fundo, somos nós controlados por algo que nem sabemos o que é. Que arrastamos as escolhas que achamos que fazemos em prol daquilo que achamos que devemos. É mais ou menos o que acontece quando temos a certeza de que não faremos determinada coisa e damos por nós a fazê-la com toda a vontade e convicção do mundo. Ou então é quando achamos que para nos sentirmos apaixonados, temos que amar. Sabemos que existe paixão sem amor, mas buscamos sempre uma conjugação dos dois, amor e paixão de mãos dadas, num mundo de fantasia. Não sei quem ditou que deveria ser assim, nem desde quando é que isso um protocolo a seguir, a regra e a imposição de que só sentimos aquilo que nos obrigamos a sentir e que se nos apaixonarmos por alguém, esse alguém tem que se tornar o amor da nossa vida.
No entanto, quantas e quantas são as pessoas que se apaixonam e não aprendem a amar. E quantas são as pessoas que amam porque nunca souberam o que é sentir-se apaixonado. Ou então, quantas são as pessoas que amam porque estão numa relação mas amariam outra se pudessem admitir a paixão que sentem. Porque acabamos por nos fechar numa casa sem porta, em que nos movemos todos os dias mas paramos sempre no mesmo sítio. À espera que esteja tudo no mesmo lugar. E se estiver, é porque é certo, é porque é correcto. É porque era assim que deveria ser.
Mas... é tão bom quando resolvemos virar o nosso mundo de pernas para o ar, sentir frio na barriga e garganta seca. Arrepiarmo-nos quando sentimos o perfume da pessoa por quem estamos apaixonados. Não há nada como desarrumar o nosso mundo para que alguém nos ajude a orientarmo-nos na confusão, sem esperarmos mais nada em troca. Porque amor não se cobra. Nem tempo. Nem atenção. Muito menos presença. Se as pessoas gostarem mesmo de nós, acabam por nos dar tudo.
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