Leitor

Dear God...






Sempre tive a mania de que sabia tudo. De cor, salteado, para a frente e quiçá, para trás. Relancei milhares de vezes o meu corpo para o que julgava ser etéreo, julguei-me sóbria. É, sempre soube tudo, mas esqueci-me de que podias existir. O sol brilha lá fora, cheio de frio, e sinto-me tão quente...Esqueci-me. De que passarias por mim, em algum lado, num dia qualquer, como quem não quer nada, mas queres.
Esqueci-me de que és homem. E quando realmente gostas, vais até ao inferno por mim. Vais e enfrentas mil tormentas, porque gostas. Porque és simples e previsível. Porque tu não és como eu, raça errónea da Humanidade, que analiso, penso e ainda atribuo mil problemas quando eles não existem. Balanço o meu ser entre o ir e o ficar, com medo do destino que me espera, talvez mais do que do caminho. Volto para trás quando está escuro, quando és instável, quando me assustas. E só desisto quando me deixas.
Sempre tive a mania que sabia tudo. Que era independente e só eu escolheria o que quero. Que rumo tomar, que experiências viver. Trocaste-me o saber e as voltas, viraste o mundo do avesso e agora encontro-me de pernas para o ar, com o sangue a subir-me à cabeça, entre gritos e agonias.
Mas sei que sempre chegas, quente e saboroso, apetecível e ternurento. Pronto para me pôr no lugar, para me voltares a jogar ao ar novamente. Apetece-me voltar para trás, só porque me assustas. Porque me cativas. Porque eu já gosto de ti.
Porque me apareces afinal?



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