Leitor

Não há coisa melhor que o desejo carnal aliado à adoração eterna do ser autênticamente nosso. Se eu fosse hipócrita, diria que apenas sinto falta de todos os teus olhares fiéis, da tua cumplicidade, da tua amizade e do teu amor. Eu sinto mais que isso. Foda-se, se sinto. Não te conheço, sermão que pregas aos quatro ventos, como se isso realmente fosse verdade. Como se não soubesses que é mentira. A cada vez que o negas, eu lembro-me mais ainda de tudo o que tu és.

Conheço todos os teus gemidos de cor. Os suspiros ao meu ouvido quando atingias o auge do teu ser, a maneira como me agarravas o cabelo e gritavas, sem medo e sem pudor, sem te importar que te ouvissem. Dava-me ainda mais tesão ver-te esquecer o mundo por segundos, enquanto te contorcias compulsivamente, como se tivesses possuída, agarrada ao meu corpo, suor com suor. Lembro-me do teu cheiro característico, o teu cheiro a sexo puro. Reconheceria ainda hoje, apenas no teu olhar, quando te apetece foder. Só e apenas isso. As minhas mãos já fizeram magia. Nunca fui mágico dotado, de experiências tenho poucas recordações mas lembro-me bem de te preencher de todas as maneiras e feitos enquanto explorava tudo o que era meu. E tu deixavas. E tu gostavas. Sentia a curva dos teus seios nos meus dedos, perfeitos e capazes de provocar inveja em qualquer mulher. E desejo em qualquer homem. Se me dissessem, eu sem te conhecer, que existiria tal coisa eu não acreditava. Tens a capacidade deve me seduzir só com a tua presença. És uma cabra sem escrúpulos. Quantas e quantas vezes tu me provocaste, agarravas e torcias. Cima, baixo, cima, baixo. Quão baixo tu jogavas. Quão louco tu me punhas. Quantas e quantas vezes me deixaste ali, sozinho, a torcer de desejo enquanto te masturbavas só para me provocar. E quantas vezes, ao ver-te, te violei em pensamentos. Amarrei-te, penetrei-te com toda a força do meu ser até os nossos corpos se tornarem apenas um. E aí eu descontraía, apesar de sozinho, agradecendo a Deus ou aos meus pais que pensaram em ornamentar-me com duas mãos trabalhadoras. 

Lembro-me da tua boca mágica, santa milagreira do sexo. E o que mais me lembro é do facto de quereres e de gostares de me ver gemer. E quantas vezes eu me contorci a olhar para os teus olhos sedentos do meu músculo vigoroso. Tinhas a mania que mandavas. Comandavas todos os nossos movimentos, todas as tuas vontades. E as minhas também. E eu que não ousasse sequer alhear-ne aos teus desejos, acabavas por me deixar a sofrer no vazio da ejaculação. És mesmo uma cabra sem escrúpulos. De todas as formas e feitos.
Como podes tu dizer que não te amei se amei todas as formas do teu corpo, todos os teus toques, todas as tuas palavras, todos os teus gemidos, todos os teus suores. A cada vez que te vinhas, eu vinha-me em pensamentos, nadando em prazer por te conseguir preencher mais uma vez, mais um dia. 

Se te queixas de não me lembrar de todos os nossos aniversários, da data do primeiro beijo, da data do primeiro encontro, de todas esses detalhes fúteis e inúteis, orgulha-te de me lembrar, todos os dias, de conhecer de cor e salteado, toda a essência do teu ser.

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