Leitor

Tu sabes o sentimento. É como voltar a uma casa onde já moraste: conheces todos os cantos, todas as divisões. Sabes andar de olhos fechados e confias de que não cais. Só a decoração está diferente. Porém, reconheces que já não moras lá, que outras pessoas já lá viveram e agora também sabem onde ficam todas as portas e janelas, possivelmente até onde era o teu esconderijo. Deixaram a casa em mau estado, está usada. Isso nota-se.
Eu não me importei de lá voltar, ainda é uma casa acolhedora, aconchegante, tem muita claridade e proporciona um sossego à alma difícil de explicar. Gostei de lembrar tudo o que lá vivi, de fugir, de ser encontrada. De correr e tu me apanhares, das gargalhadas. Lembrei-me do que chorei, de pensar que iria viver ali para sempre. Gostei ainda mais de saber que foram os melhores tempos da minha vida, que, apesar de ser só uma casa, era o meu palácio.
Tu sabes o sentimento. Sentiste-o também. Lembrámos tudo o que se passou. Gostaste de viver dentro de mim, só uns momentos, novamente. Fomos nós os dois outra vez, sem problemas, sem barreiras nem discussões. Fomos nós, novamente, com tudo o que tínhamos para dar e voltámos a dar. Eu gostei imenso de voltar àquela casa. E um dia, quando já estiver em ruínas, voltarei novamente... Uma casa que nunca morrerá para mim...

Os teus braços. O teu coração.

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